quinta-feira, 19 de maio de 2016

Poema do bebê que eu quase matei

Silêncio
a pele azulada me implodiu em culpa
os olhos entreabertos, a boca cerrada...

paralisada
o vi ser reacordado
ouvi seu choro
e eu não sabia
quem era aquele bebê que eu esquecera
(eu esquecera!)
- e quase matara - 
na água fria.

foi com seu choro
- e nenhum alívio- 
que despertei suada
assustada, dolorida

e não sei se sou eu, 
minha mãe,
minhas filhas,
não sei se é meu sonho
meu medo
minha lida
sei que sua imagem me assombra 
desde cedo
e temo que não saia nunca mais
da minha vida.

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