quarta-feira, 23 de março de 2016

Poeuma

leio os antigos poemas
como quem revira bagagens
e o coração recolore as imagens:

é catar-se entre pedras e grãos
diluída entre as frestas e vãos
dos versos, lavrada na palavra
carne viva, latejada
fratura
exposta pela ponta dos dedos.

versejo
rompo tempo e espaço para ser milhares
sou espiga no milharal embonecado
da memória do meu pai
sou saudade da casa grande do interior
da memória da minha mãe
sou menina apaixonada pela primeira e pela milésima vez
sou campeão e sou freguês
tudo me dói e me alivia

versejo
e gosto do que vejo:
sou a um tempo
poeta e poesia. 

2 comentários:

  1. Gosto do que vejo...quando vejo nos outros...aquilo que gosto...mas que pouco vejo..
    E este texto eu...vejo...e gosto!..

    Parabéns amigo!

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  2. Olá...queria saber onde posso comprar seu livro (amor para quem odeia). Não moro em BV e sim em outro estado. Se puder passar um e-mail ou telefone para tratar, agradeço. E parabéns pelo trabalho. Abraço

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