sábado, 21 de fevereiro de 2015

falamos de sua volta
e eu volto a ter seis anos:
cabelos trançados
e doces planos
de brincar de casinha

que alegria que é
ter uma amiguinha
pra tomar chá
de mentirinha
em xicrinha
rosa de plástico
cuidar dos nossos bonecos
e fazer do tempo um elástico
que não pára de esticar...

não vejo a hora de você voltar
pra gente fazer projetos
pra gente viajar junto
pra gente beber bem muito
pra gente malhar e rir
pra gente inventar assunto
pra gente comer pipoca
vendo filme de chorar.

falamos de sua volta
e eu fico assim: menininha
anseio sua chegada
doce amada amiga minha.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Quando em sonho
pra mim te trago
e me surpreendo
com teu olhar que me lia
sem medo ou engano
meus olhos, vertendo dor
se abrem invadidos pela luz que já toma o quarto.

Sem ar
me afogo na luz e na lembrança
que me anula, me reenluta
e é uma solidão absoluta
que em cada poro se escancara.

E me me violenta tanto esse processo
que por um instante
até creio e confesso:
não doeria nada
se, como a tua,
minha vida também findasse.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Choque

Venta
e a gota ínfima
tremula sobre a folha
que torra sob o sol...

é assim
de fragilidade bruta
a existência que nos ilude
infinita de possibilidade e brilho.

Ela cai
num átimo some no chão:
nem sinal.

e não há silêncio:
é um zumbido louco que me ataca
cega, ensurdece, aniquila
faz chorar...
sempre choca
a lembrança incômoda de que o fim
sim,
pode estar em qualquer lugar.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Impossível silêncio

Ah, se em algum canto brilhasse
Aquela estrela acesa
E o olhar congelado entre o caçador e presa
fosse um destino manifesto
pondo um instante suspenso no ar
tão denso e intenso
que se pudesse tocar...

Desatando nós, reinaugurava o colchão
Pintava campos de me perder
Bebia ondas de me afogar
Frágil e sem mágoas, fácil,feliz
embalada na rede da tua voz
simplesmente voltava a te amar.

Pudesse eu, e eu juro
perdia de novo a respiração
botava de novo o coração na boca
deixava a suavidade do alto do muro
me estatelava 
me punha no chão...

Se eu pudesse reinventar
Essa música que soube de cor
Seu eu sentisse com surpresa
Na xícara, o gosto do resto...

Mas na ocasião
esse tresloucado gesto,
eu não posso não.