Olha
há ali mãos engrossadas pela terra
braços e pernas marcados
por limoeiros e roseiras
há ali uma respiração lenta
alimentando um corpo
de quem já pariu quem devia
de quem já fez quitutes e festas
de quem já regeu uma orquestra
e hoje habita uma casa vazia.
olha
como foi que se instalou ali
no peito asfaltado
essa agricultora
rosto por sol vincado
cabelo que não denuncia corte
sob essas roupas que, novas, parecem rotas
esperando viva,
silenciosa e resignada
a morte?
Vasculha as palavras perdidas
na colcha dos poemas
remexe as memórias, revolta a água dos temas
cria problemas imaginários,
vai a lugares terríveis
encontrar monstros humanos...
Colhe a adaga guardada
a bomba, o frasco de veneno
é hora
presenteia essa senhora
com o suspiro último.
ama, como se não houvesse danos
ama, como eras capaz há anos...
por você e pelos seus:
mata-a
e volta a viver,
pelo amor de deus.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
A pele, casca de humano
reclama do ar que não se move
de modo insano.
Tuas palavras são prole incerta
estendida pelo campo
ecoando um grito
que em silêncio,
ainda me comove:
Suas viagens que já não são vertigem.
E por mais que a gente não aprove
e troque sorrisos
e minta e finja
um intacto encanto,
a verdade que nos socorre
é que todo dia, tudo morre...
nós só não sabemos
quanto.
reclama do ar que não se move
de modo insano.
Tuas palavras são prole incerta
estendida pelo campo
ecoando um grito
que em silêncio,
ainda me comove:
Suas viagens que já não são vertigem.
E por mais que a gente não aprove
e troque sorrisos
e minta e finja
um intacto encanto,
a verdade que nos socorre
é que todo dia, tudo morre...
nós só não sabemos
quanto.