terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Declaração de fim de ano*

quando você veio
eu já estava à espera
de alguém pra me acompanhar
pela grande esfera

eu nada entendia
mas entre sorriso e grossura
feitos de poesia pura
fomos mais que mera companhia!





quando você veio,
meu irmão amado,
fomos completos
a revirar o mundo como detetives
e em nossos nós sobrevivem
anseios estetas
e as palavras de poetas
batucadas em latas no quintal
pedaços que selam nosso laço sem igual

amizade que é tango, é samba, é vida completa e anuncia
que você está comigo, mesmo que eu não o veja todo dia

mais que em qualquer doutor
em ti, minha admiração e amor,
eu guardo
forjado na bruta lida
tu és, Eduardo,
o homem da minha vida.

*para Eduardo, meu mano.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Respostinha para Gabriel

Entre montanha e praia
doce e amargo
seda e cambraia
nada desprezar...

Não ter que optar entre manhã e tarde
arder vida inteira sem isso ou aquilo
pois que a cada nova escolha
me aniquilo
e junto ao que fica pra trás
há muito de mim que se desfaz

se é pra escolher
trapaça é o que sei fazer:
a trocar ligeira todo OU

por E, e E, e E.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

De amor e amores antigos

Hoje acordei resoluta:
Terminei com Marilyn Yalom
quis retomar romances com amores perdidos
que ela provocando delicioso incômodo
me recordara.

Feita a ruptura, a dúvida:
qual reviver primeiro?
Stendhal? Flaubert? Duras? Sartre?
...

Deixo que a noite me leve
bato, sem muita certeza
à casa de outro amor antigo
amaro e duro
ele me reensina uma importante lição:
"em amor é um erro falar de má escolha, havendo escolha, terá de ser má".

Imediatamente palpita,
em mim,
a razão primeira daquela paixão:
Valeu Proust,

presentão!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Em guerra

neca,
nem novo dia
novo mês
ou novo ano

não estou pra boneca
e nada novo em mim fervilha
nesga de outono
nostalgia funesta
negada maravilha

ando às turras com o calendário
e de modo vário nos desentendemos
eu negaceio e ele grita urras
despejando seus venenos
ele avança enquanto eu recuo
me dá mais e mais
e eu querendo
cada vez menos.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Paciente

O velho latira a noite toda 
aquela tosse sem fim
ora sim, ora também,
ora sim, ora sim.

Esperou que a luz caísse do céu
com a salvação travestida de outras obrigações.

Antes das cinco,
saltou para o banho. 
Silenciosa,
saiu num pulo.

Embarcou para o trabalho no primeiro ônibus urbano
e seguiu adiante
espremida 
entre o cansaço e o alívio. 


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Do valor dos meus versos

Vândalos,
me doo a eles
que me vendem
dividida em lotes.

Ensaturnada os crio e devoro
e crio
e devoro.

Deveras devo-lhes
a doçura e o deleite
essa dádiva de drama
e de dor não editada.

O que dinheiro não compra
e o que no livro não vendo
é a direta e delicada
delação do meu dentro
a digestão das minhas derrotas
dirimição das minhas dúvidas
e a direção dos meus intentos.





segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Convite especial para o leitor do Poesia Pura,

Pela Máfia do Verso, uma cooperativa de poetas de Roraima, lanço meu primeiro livro, "Amor para quem odeia". Com poemas em que falo de amor, selecionados pela Mestre em Literatura, professora Aline Cavalcante, ilustração de Clarisse Martins, apresentação de Christina Belinsky Ramalho, o livro é o terceiro da série, antecedido pelos livros ParTilha e Pouco Verbo, dos mafiosos Roberto Mibielli e Sony Ferseck.

O lançamento oficial de Amor para quem odeia será no Sarau Literário do IFRR, nessa quarta, dia 11/12, às 19h no Complexo de Artes do Campus Boa Vista, no Bairro Pricumã.

Caso você não possa ir ao evento de lançamento, os livros estarão à venda, a partir dessa semana, na Livraria da Universidade Federal, na Livraria Saber, ou pelo endereço mafiadoverso@hotmail.com, ao preço superpopular de 10,00 reais por exemplar.

Compre os livros da série Máfia do Verso para si e para presentear, afinal, com essa qualidade e esse preço, você não tem motivos para não apoiar a boa literatura produzida no norte extremo do Brasil.



*post editado devido ao cancelamento do Sarau do Quintal, que ocorreria na sexta feira, dia 13.

domingo, 8 de dezembro de 2013

mas feitiço é boomerang, 
vem seguindo a feiticeira...*

'ele não está nesse momento',
sem um lamento
saiu como quem não quer deixar lembrança
levou o perfume
o jeito moleque
o lume

não deixou sombra na retina
ou sobra na rotina
assim foi, fugiu
nem sei pra onde...

(vestido de indiferença
você aí, dentro de mim, 
por quê se esconde?)



*Sobre um verso de Lenine