sexta-feira, 18 de novembro de 2011

há dias sou essa nuvem escura
que ameaça e não chove
que só troveja e comove
cães tomados de loucura

há dias sou prematura
flor debulhada no asfalto

em contínuo sobressalto
insidiosa criatura

há dias me desconheço
como estivesse sem mim
esperando pelo fim
do que nem teve começo

3 comentários:

  1. "cães tomados de loucura" comovem-se com os seus versos. Sou homem, e os homens me comovem. Não consigo, talvez por falta de imaginação, pensar em nada mais angustiante do que estar numa espécie de intervalo comercial eterno, sem fim, nem começo, rolando na minha cabeça o dia inteiro. E eu lá, esperando a novela... ops, quero dizer: a minha vida entrar no ar. Belo e triste poema para uma noite de sexta-feira, Eli!

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  2. Ah, anônimo que me fez chorar... Ladram os cães
    e o tempo, ladrão que é,
    nos toma a vida
    mesmo nas noites de sexta-feira.

    um beijo no ar.

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  3. me reconhecer assim
    me entender assim
    mesmo sabendo que o me não pode começar uma frase...
    talvez meu problema seja acreditar que meu me não possa começar uma frase.
    quero meu me começando frases, mesmo que a norma não permita, quero assim, deixar de acreditar na norma e começar a acreditar em meu ME.
    parabéns pelo poema!

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