terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

para meu amor distante

Da consumação da ausência anunciada,
cento e vinte dias passados.
Vida que voa e quando eu a via indo,
em ti fui toda desesperança.
outrora.

O agora
presente convertendo-se em passado,
futuro em presente,
e outrora
ah, a vida que tivemos!
refiro-me a ela como uma amiga querida
muito conhecida
distante e feliz
uma linda e distante conhecida...
 - naquela despedida
senti como se minha própria vida
estivesse indo um pouco pra longe de mim -

E se foram ligeiras as horas.
Por ora
tenho paciência comigo
com essa cara de quem quer abrigo
refletindo sóbria e solitária embriaguês

por ora
boto os travesseiros no sol e faço votos
de que o sol ignore o mar noturno
e nasça de novo.

por ora
sorrio, bebo, brinco
celebro a vida que ficou e essa saudade nova
invencível,
imortal!
Essa saudade nova que nem lápide com poema
nem beijo de morena
nem chocolate
nem cinema
podem apagar de vez.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

nem era junho
nem se amassava o barro
com as patas pequenas
nem gotas sem fim vibravam no ar antes da queda

sol rasgando solo
sol salgando a pele
rubra vontade
e olhos morenos

tudo seco sob o céu
sem fim
e mesmo assim
afogada
morreria

sábado, 12 de fevereiro de 2011

passeio de bicicleta

O sol
se pondo impunemente
com pressa e desprezo
nem se abalou
diante da queda
de meu rosto ralado na pedra
e do fim do que teria sido
o início
de um perfeito
fim de semana

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Furiosa

Eu não sei ignorar a raiva.

Implodo castelos
quebro cristais
derreto a prataria:
de tudo
o que de melhor
tenho,
desdenho.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ventania

voam encantos imprevisíveis
comoventes estranhezas
fixam-se marcos e mapas na pele
 - carícias suaves e pequenas violências.

taça após taça
a garrafa seca
o tempo passa.

fevereiro ferve sob novas exigências
férias fenecem
florecem novas falhas

a vida
ventania e vinha
infinito janeiro.