segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Faceira

Eu tenho trezentas faces:
face ao mundo
faço que sou,
faço que não sou,
disfarço bem.

Quando me refaço
fotografo
pra mostrar depois.

(o inferno é não crer em nada
e não saber o que vai embaixo
de toda essa carcaça transformada!)

3 comentários:

  1. É verdade ... O "Inferno" é não crer em nada, viver desconfiando e criticando tudo, e não procurar a "verdade"!

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  2. É, Eli, os fatos estão soltos nas faces da moeda. As faces do poeta são a estreita relação entre seu inferno e as crenças que deseja ter, mas não se permite. As faces do poeta são quase sempre rígidas demais para que ele se faça humano. O poeta não se quer cínico mas acaba se negando en quanto poeisa, inclusive, até que só o cinismo impere. Teu poema propõe a transformação desta "carcaça refeita" e fotografa pra mostrar a quem vier que além das trezentas faces (já próximo das mil de que nos fala Oswald de Andrade)existe o humano, o maravilhosamente humano, disfarçado e puro.
    Bj
    Mibi

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