sábado, 8 de maio de 2010

Refletindo

Mais vale um tempo parado
que a corrida contra o muro
meu espaço anda apertado
pra coisinhas sem futuro
e a poesia moleca
que me faz vibrar a toa
ora surge de um bueiro,
duma poça, uma lagoa
- depende de quanto choro.
por isso tudo ignoro
e esqueço do que me enjôa:
mais vale um tempo parado
que a corrida contra o muro
ando pagando dobrado
pra destruir o obscuro
desejo estranho que em minhas
entranhas mantém-se vivo.
No espelho espatifado
Do verso esparso e tolo
Reflexo multiplicado
Daquilo que me arrebata:

é a vida
quem me mata.

11 comentários:

  1. caraca, menina, assim vc quebra tudo!!! Tá muito lindo esse poema. especialmente esse final.

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  2. Miba querido
    só andei pensando nos reflexos do que tenho visto
    bondade sua, mas muito bom receber o elogio...
    beijo!

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  3. Eli, passei por aqui só para confirmar minhas suspeitas. Não iria dizer absolutamente nada, mas o cabeçalho do blog me convidou.

    Aqui estou para julgar seus equívocos. Você diz:

    Mais vale um tempo parado
    que a corrida contra o muro

    Como assim? “Correr contra”, seja lá contra o que for, é poesia pura! Um tempo parado nem prosa é!!! E você continua:

    meu espaço anda apertado
    pra coisinhas sem futuro

    Se assim é, pois é, pois é: CORRA CONTRA O MURO QUE LHE OPRIME! Qual é o futuro que você vê num tempo parado? Você tem uma procuração assinada por Deus para parar o tempo?!

    Seu poema continua:

    e a poesia moleca
    que me faz vibrar a toa

    “Vibrar” é uma ação, logo, não cabe no “tempo parado”. Bueiro, poça, lagoa e choro são as águas que refletem, logo, mais ação!

    ando pagando dobrado
    pra destruir o obscuro

    Por que não construir mais obscuros, ou conviver em paz com os obscuros da vida?! Não basta o sol da poesia? E sua ladainha cresce em lástima:

    desejo estranho que em minhas
    entranhas mantém-se vivo.

    Nhém, nhém, nhém, meu bem. Leia isso em voz alta e ouça o fanho que lhe convém! Está horrível! E olha aqui um momento de lucidez:

    No espelho espatifado
    Do verso esparso e tolo

    Amei isso, porque tudo nesse poema está esparso e tolo! Até a conclusão é tola:

    é a vida
    quem me mata.

    A vida não mata ninguém! Quem mata é a morte. Mas, nesse caso específico, quem acaba com você é esse poema horroroso!

    De seu leitor mais simpático,

    Charles Silva.

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  4. Charles
    E quais eram suas suspeitas????
    De todo modo, que bom que aceitastes o convite de julgar, criticar, comentar
    sinto-me de fato importante ao pensar no tempo que investistes para fazer essa crítica - deliciosamente ácida e bem humorada.
    é verdade que é uma ladainha lastimosa
    e mesmo sendo "horroroso, fanho e tolo"
    você parou pra retrucar cada verso.
    penso que talvez sejas o mais atencioso dos leitores que por aqui passaram, por isso, querido, volte sempre de chicote nas mãos e muito obrigada!

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  5. Eli Macuxi,

    Ser educada não mudará o gosto estragado do seu abacaxi!

    Gostei de outras coisas que li, Eli. Você é doce e eu não gosto disso. Você sorri e eu não gosto disso. Você chora e eu não gosto disso. Você é poeta e disso eu gosto. Tem pegadas, sacadas e armadilhas. Gosto da floresta que você transita, fonemas surpreendendo ilhas e essa matilha de milagrosos erros. Mas você é berro, não é música! Não é feia nem bonita. Qual é mesmo a hora que você assusta? Queria sentir sua força na musculatura das rimas e nos versos brancos. Queria você menina de pé no chão. Mas você é só essa mulher que encanta. Como é mesmo o nome do processo que arranca a pele? Engraçado você se preocupar com meu tempo e perguntar por minhas suspeitas... Já reparou como o vento dá pernas miúdas a coisas inanimadas? Da próxima vez que você parar o tempo me chama pra uma cerveja, tá? Prometo matar você de sede.

    E mais uma informação: o poema do Roberto tem 18 tt. Você disse que quase não notou. Releia e confira. É um poema chato, bobo, murcho, muito aquém do que ele escreve. Não elogie o que é ruim, a beleza da amizade agradece!


    quem vai beijar as horas
    se agora as bocas
    estão indo embora

    quem vai viver os planos
    se os anos foram
    grandes oceanos

    na bucólica cidade dos meus sonhos
    o amor é algo mais do que suponho
    é rei e é fantasma
    o amor deságua
    pirateando o nada

    é qu’eu fui ficando mais ao sul
    e todo fim de mundo
    têm um manto

    é qu’eu fui perdendo mil tabus
    o medo do profundo
    por enquanto

    (charles silva)

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  6. O poeta é inconstante
    E se acha indolor
    O poeta é um roubador
    De palavras
    De lavras
    E larvas
    De antanho.

    O poeta ... só tem tamanho!

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  7. o poeta que só tem tamanho
    não pode jamais
    ser pequeno

    e se por um instante
    ele muda a cor
    procura o perfume
    jamais o veneno

    um verbo inconstante
    conjuga-se na vida
    sem dor

    um verme impotente
    sobrevive com frases
    de adulador

    (charles silva)

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  8. Delicado como uma varinha
    de condão que perdeu
    sua função mágica
    nas mãos de uma fada
    madrinha desesperada
    o poeta marreta conceitos
    fustiga trejeitos
    não permite gauches
    nem guaches
    apenas milho espalhado
    num canto
    e algum espanto
    de improviso
    o poeta... É dor de ciso

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  9. que não se assustem os leitores, nem a dona do blog. A amizade é muito antiga, a acidez já dominou o estômago de ambos, mas temos um vasto estoque (e estocadas) de antiácidos... E enfim, embora em seara alheia, reencontramos o rumo do terçar versos...meio de improviso, vá lá, mas...
    Julguem por si (e pelo valor dos versos, não tanto da polêmica).
    Beijo, Eli, espero que o barulho acorde os blogs dos vizinhos...rs

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  10. diante de tanta discussão, só tenho a dizer que o título do poema original ficou bem adequado...

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  11. houve um tempo
    em que o ciso
    mastigava a mente do poeta

    o tempo apressa
    muda a fome
    e a seta que arremessa

    a visão é romântica
    crescem músculos
    sangram veias
    mas a bílis é orgânica

    o juízo do dente
    forma a palavra
    que pronta
    se despede

    a loucura do mago
    recebe a criança
    numa alegria de estômago
    música e dança

    e a pétala roubada
    espeta a fragrância inquieta
    da mata

    (charles silva)

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