sábado, 14 de novembro de 2009

MORTA VIVA

(Sim, Blenda tem razão, eu nasci no século XIX. Sou antiquada, me apaixono e morro. Escrevo poemas porque vivo dilemas intermináveis. Prova disso é o poema "Morta Viva":)


Há muitos métodos para matar uma pessoa.

O mais cruel é aquele que mata mantendo-a viva.

E é verdade, viver mata.

Revejo as cenas de meu fim.

Um tiro. Seco.

Uma garrafa de vinho, tinto

e o sangue, espesso, escorrendo.


Uma faca. Fria.

Uma dose de cachaça, quente.

e o sangue, espesso, escorrendo.


Overdose de tranqüilizante. Indolor.

Uma garrafa de gim, incolor.

e o sangue, espesso, parado junto ao cor.


Corte no punho. Trágico.

Garrafa de uísque, o Manifesto Antropofágico.

e o sangue, espesso, escorrendo.

...

Atirar-me em frente ao carro

Afogar-me no catarro

Destruir-me a sangue frio!

Uma corda no pescoço. Firme.

Uma desculpa qualquer para ir-me

Dessa dor dentro de mim!


Vejo os quadros todos prontos

Meus pontos, meus contrapontos

Todos tão sós, como eu:

a verter o sangue espesso

das artérias, me despeço

desse amor que não morreu...

4 comentários:

  1. o corpo morre... mas sentimento não, mas essa e outra poesia, mas da vida. Beijos. Edna

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  2. o mesmo sangue que corre, pára, seca, coagula e mata se não houver algo bombeando além do coração.

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  3. expetácular... explendido... no entanto nenhuma dessas palavras traduzem akele sentimento punk que se sente por dentro ao ler ''morta viva''... putz meu!... que lindoo!... lindu mesmooo! ;)

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  4. Muito lindo! Parabéns! Que sempre vc escreva, pois vc tem o dom. beijos

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