"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quarta-feira, 23 de junho de 2010

desvario diário

Ingredientes vários
homogeneamente diluídos
em úmidas e frias
cavidades virtuais:
Escancaramos ousadias e medos
invariáveis desvarios
ataques de consciência.

Buscar o cavalo
a galope aberto
pisoteando
campos incertos.

Não há mal em nosso mal...
é mel e sal nossa saliva
e a palavra
nossa diária lavra
é só o sangue a soluçar
na carne viva.

sábado, 19 de junho de 2010

carta pra tu

A saudade é flor de espinho,
harmonia em desalinho,
e desejo de mais viver.

Também sinto
- sempre sinto -
da boca em boca,
mão em mão,
suavidade de pele,
carinho que me revele,
do que foi
e não foi feito.

- da quenturinha no peito
e um sentido de conforto...

saudade, amor,
só não sente
quem é morto...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Poetas


Poetas não dizem verdades
Nem mentiras
Jogam com as palavras
Suas frustrações e iras.

Poetas dizem o universo.
Por vezes se escondem nos versos.
Por vezes se dizem perversos.
Por vezes se perdem, dispersos...

Poetas são tolos que pensam
Que criam o mundo com as mãos.

Tal como o calor aos ventos
Criam e acirram sentimentos
Que vão da alegria à mágoa.
Calam cores e sabores
Se temperam de amores
E fazem de suas dores
Calmaria em copo d’água.

E quando se desconhecem
Cometem loucos deslizes
Acreditam no que escrevem
Se fazem tão infelizes.

Unir versos de poetas...
Pura manipulação:
Fazer da vida concreta
Poema, contradição.

sábado, 12 de junho de 2010

poesia

tanto tema
remetendo
ao universo

tanta ideia
arremetendo
em verso

tanto eu
vertendo
disperso

sexta-feira, 4 de junho de 2010

o desejo
é lampejo que mata
o tédio benfazejo.

mas vejo a praia,
agora deserta
e a flor nascitura
de sombra coberta...

já quase sem cor
a imagem post-mortem.
- foi ou não foi amor? -
me gasto no ontem.


imagem: detalhe da ufam 
por eli


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